Esta é a nossa escola

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Que tipo de goleiros queremos formar?

    Esses são os três melhores goleiros que vi jogar. Poderia falar apenas de um que considero o melhor, mas não consigo.

    Serginho, meu ídolo, considerado por muitos o melhor de todos os tempos e, com certeza, na arte de defender embaixo do gol foi um gênio. Muitos vão perguntar se essa não seria a principal função do goleiro – e é – mas o jogo mudou muito. Hoje o goleiro não se resume apenas em estar embaixo das traves.

    Quando digo “se resume” não é uma crítica dizendo que o Serginho só fazia isso, era o que o jogo pedia para o goleiro… E ele fez como ninguém. Muitas vezes o Serginho me fez pensar que ele já sabia onde seria feita a finalização de tão bom que ele foi.

     Luiz Amado, um goleiro considerado melhor do mundo por alguns anos. Goleiro com um estilo diferente e, por ser alto e com um bom posicionamento, fazia poucas quedas. Muito eficiente no 1×1, Luiz Amado foi uma referência do modelo europeu e é esse modelo que me preocupa.

    Ele pode ser considerado um dos principais “culpados” por essa mudança que vem sendo feita na formação de novos goleiros. Claro que os goleiros na Europa – principalmente os Espanhóis – têm bons fundamentos que devemos aproveitar, mas por que não fazer uma mistura do que temos aqui no Brasil com o que eles têm de melhor?

    Às vezes penso que o complexo de “vira-lata” nos impede de criar a nossa própria escola, mas pode ser também a falta de criatividade ou apenas a vontade de copiar o que vem de fora, desvalorizando o que temos aqui.

    As minhas maiores preocupações são as defesas com os pés, os esquadros (movimento da defesa com os pés em uma bola meia altura e, ao mesmo tempo, usando as mãos) e o goleiro fazer um movimento antes da finalização. Com isso estamos treinando goleiros para que deixem a bola bater neles e não, necessariamente, que eles defendam a bola.

    Não sou contra esses fundamentos, mas o que venho observando é que eles vêm sendo utilizados em qualquer momento, mesmo quando não são necessários, ou pior, no momento que não são eficientes.

      Tiago “o completo”.

   No futsal atual ele domina todos os fundamentos que um goleiro precisa, tanto individualmente quanto coletivamente. Ele é uma peça fundamental no sistema defensivo da equipe, realiza uma linha atrás do quadrante, tornando-se um líbero quando a equipe faz marcação pressão. Na parte ofensiva ele inicia muitos contra-ataques com suas reposições e tem uma participação muito grande na elaboração de ataques jogando fora do gol.

     Na principal função do goleiro – que é a de defender – usa também todos os fundamentos, mas infelizmente alguns não conseguem ver suas variações de movimentos e só dão ênfase nas técnicas que os goleiros usam na Europa.

      Nos últimos anos o treinamento específico de goleiros vem sendo mais valorizado e com muitos profissionais e devemos entender a dimensão da nossa responsabilidade na formação dos nossos goleiros.

      Temos o maior exemplo aqui do nosso lado e insistimos em copiar o que é feito fora.

    Vejo que alguns fundamentos básicos e eficientes estão sendo deixados de lado, muitas vezes um toque de simplicidade basta para que a nova geração de goleiros não fique robotizada, que segue um protocolo de movimentos dentro de um jogo completamente imprevisível.

Por Ivan Gomes
Diretor Técnico C.T.Goleiro Tiago

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